As sequências de rotação de culturas funcionam melhor nos locais e climas específicos para os quais foram planejadas. Isso significa que as sequências de rotação de culturas podem variar bastante, inclusive dentro do mesmo país. Por exemplo, no Brasil, uma ótima sequência de rotação de culturas para o oeste da Bahia poderá não ser tão eficaz no Rio Grande do Sul.
Vamos dar uma olhada em uma sequência de rotação de culturas em regiões áridas. Aqui, todas essas sequências têm como objetivo principal a retenção de água. Com essas informações, podemos nos concentrar na escolha de quais culturas cultivar. Não é muito recomendável cultivar vegetais, cabaças, plantas medicinais, óleos essenciais e tabaco em regiões secas, porque eles têm seu próprio tipo de rotação de cultura, o qual requer solos altamente férteis e muita água.
Exemplo: soja — milho — trigo. Para intensificar sua sequência de rotação de culturas em áreas secas, recomendamos adicionar culturas de cobertura, a exemplo da aveia, do tremoço, do girassol e do milheto. Elas permitem:
✅ Manter a fertilidade do solo
✅ Estruturar o solo
✅ Aumentar o conteúdo de matéria orgânica
✅ Reter a umidade
Para maximizar o efeito positivo das culturas de cobertura, tente combiná-las com o plantio direto. Plantio direto significa manter a integridade do solo e usar cobertura do tipo mulching vivo e palhada nos talhões. Esse método ajuda a reter a umidade e a aumentar a fertilidade do solo.
Exemplo: trigo — milho — cevada — pousio. O Dr. Dwayne L. Beck, pesquisador agrícola dos EUA, descreveu em detalhes um
caso que desencadeou a sequência de rotação de culturas.
A lagarta da raiz do milho é a personagem central dessa história, que se passa no cinturão do milho nos EUA. Essa praga é uma presença frequente dos muitos campos de milho dessa área. Os agricultores locais a combatem usando agrotóxicos e rotações de culturas (por exemplo, milho 一 soja). No passado, o cultivo da soja costumava reduzir a população dessa lagarta. Porém, após vários intervalos de um ciclo de milho–soja, ela desenvolveu uma nova estratégia de sobrevivência. Na parte oeste do cinturão do milho, as larvas dormentes durante o "verão do milho" não eclodiram na primavera seguinte nas lavouras de soja. Em vez disso, elas demoraram mais de um ano para eclodir. Na parte leste, a fêmea da lagarta ia até os campos de soja para colocar seus ovos ali, pois sabia que o milho voltaria a ser plantado depois da soja nesses talhões, o que significaria que as larvas teriam bastante comida para comer.
A razão para essa mutação da lagarta foi a sequência repetida de cultivos. Ou seja: a praga conseguiu aprender a contar até dois (milho – soja), mas seria impossível ela fazer essa descoberta com uma rotação decultivos mais variada.
Além disso, o, não podemos deixar de citar outra consequência: o impacto negativo dos resíduos de herbicidas e seus produtos de decomposição sobre as culturas nas safras seguintes. Isso pode levar a um desenvolvimento atrofiado da cultura, a plantas doentes ou até mesmo à perda de safra em casos mais extremos.
Diferentes culturas têm diferentes níveis de suscetibilidade a herbicidas. Porisso , não é recomendável o plantio de alfafa após o plantio de milho, caso o milho tenha sido tratado com triazina no ano anterior. Isso porque as triazinas são fatais para a alfafa durante seu primeiro ano de ciclo de vida. Outro exemplo se refere ao sistema de produção Clearfield®. Ele também impõe certas limitações na variedade de culturas a serem usadas em seus gráficos de rotação de culturas, porque requer
híbridos específicos resistentes a Clearfield®, como trigo Clearfield Plus®, canola Clearfield®, cevada Clearfield® etc.
Ao trabalhar com herbicidas, leia atentamente as recomendações do fabricante.